sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Curtas ACBJPB Fevereiro

Saulo Mendonça e Haikai

No dia 13 de fevereiro foi lançado dois livros do poeta paraibano Saulo Mendonça no Restaurante do Esporte Clube Cabo Branco. O lançamento de “O Outro Lado da Palavra – Elucidário” e “Luz de Musgo – haikai”, marcou os 33 anos da carreira literária que foram comemorados na sessão solene da Câmara dos Vereadores de João Pessoa.

Na ocasião foi outorgada a medalha ‘Cidade Verde’, propositura da ex-vereadora e atual superintendente adjunta do Instituto de Previdência Municipal (IPM) Paula Franssinete e a medalha ‘Ariano Suassuna’, proposto pelo vereador Geraldo Amorim ao poeta Saulo Mendonça. Os convidados foram recebidos pelo quinteto de metais “PB Brass” e por belas mestiças vestidas de kimono da acbjpb.

Estavam lá, inúmeros amigos, professores, familiares, conhecidos do poeta, além das autoridades da Câmara de Vereadores, assim como membros da associação que foram lá representar a comunidade nipo-brasileira de João Pessoa no evento.

Ao final da solenidade, houve uma apresentação do grupo Nossa Voz.

Mais informações:

http://www.portalcorreio.com.br/entretenimento/matLer.asp?newsId=69222

http://www.cmjp.pb.gov.br/Noticia/1782_camara-concede-honrarias-ao-poeta-paraibano-saulo-mendonca

http://www.db.com.br/noticias/?95120

Galeria fotos saulo mendonça:

http://img142.imageshack.us/gal.php?g=dsc0104l.jpg


http://img142.imageshack.us/img142/2333/dsc0104l.jpg

http://img23.imageshack.us/img23/9966/livro169.jpg

http://img17.imageshack.us/img17/314/livro191.jpg


Despedida de Célia

No dia 21 de Fevereiro ocorreu na residência dos Arakaki uma despedida para a nossa amiga e associada Célia Mayeda, que retornou para Brasília, onde vivem seus filhos e parentes. Desejamos sorte e felicidades.

Chá de Casa Nova

No dia 26 de Fevereiro foi realizado um chá de casa nova do casal Kayami Satomi e Maria Soledad que ocorreu na sede cultural da ADUFPB, que estão de mudança para Uberlândia, pois o filho da professora Alice e Fernando Satomi conseguiu um emprego como professor da Universidade Federal de Uberlândia e está juntando os trapos com sua futura esposa para uma nova vida. Parabéns e felicidades.

Lembrando:

Lembrando que no primeiro domingo de cada mês a ACBJPB faz uma reunião mensal com todos os associados para discutir decisões, eventos, planejamentos, etc. e a próxima reunião mensal será no primeiro de Março (01/03/2009) às 15 horas no auditório da Capitania dos Portos da Paraíba. (Centro- Varadouro). Todos que tem algum interesse e curiosidade pela cultura japonesa podem comparecer nessas reuniões para saber mais sobre associação e sobre seus projetos. Lembrando que ao final de todas reuniões há sempre uma confraternização na qual cada família e participante leva um prato de comida ou bebida para no fim da reunião todos puderem lanchar e dividir seus alimentos com todos participantes.

CPPB - Capitania dos Portos da Paraíba
Rua Barão do Triunfo, 372 - Varadouro - João Pessoa - PB - Brasil

Sabor e Tradição

Reportagem sobre o motizuke da acbjpb realizado no final de ano na residência dos Oashis em Dezembro de 2008 e exibida no começo desse ano.

http://www.youtube.com/watch?v=4dhyPr-rrFM

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Notas, Haikai e Hino Japonês

Haikai - O autor Saulo Mendonça, haikaista paraibano, completa 33 anos de carreira, lança um haicai inédito e convida a comunidade japonesa para a festa no dia 13 de fevereiro, no restaurante do Esporte Clube Cabo Branco, às 19:30h. Omedetô!

Falecimento - Faleceu no sábado, 10/01/2009, o associado e amigo Nelson Asari, em seu apartamento, no Bessa, na hora do almoço. Passou mal e não resistiu. A ACBJPB, consternada, acompanhou o funeral.

Pêsames - O Capitão dos Portos da Paraíba, nissei Paolo Coirolo noticiou o falecimento do seu genitor nesse dia 20 de Janeiro, na cidade de Niterói, e consternados, transmitimos-lhe nossas condolências e nossa solidariedade.

Retorno a Brasília-DF - A associada e amiga de todos, Célia Mayeda avisou que retornará para Brasília, onde vivem seus filhos. Desejamos sorte e felicidades.

O QUE É HAICAI

Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no início do século 20 e hoje conta com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é conhecido como haiku.

Segundo Harold G. Henderson, em Haiku in English, o haicai clássico japonês obedece a quatro regras:

  • Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas
  • Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)
  • Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
  • Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.

No transplante do haicai para outros países, algumas das regras anteriores são seguidas com maior ou menor fidelidade, enquanto outras podem ser mesmo ignoradas, dependendo de cada poeta ou da escola seguida.

A FORMA
DO
HAICAI

De maneira geral, haicai é um poema conciso, formado de três versos, no total de 17 sílabas:

  • O primeiro verso tem 5 sílabas
  • O segundo verso tem 7 sílabas
  • O terceiro verso tem 5 sílabas

Não há necessidade de rima ou título.


QUANTO À MÉTRICA

Acreditamos que não se deve exigir rigor na contagem de sílabas, a ponto de sacrificar a expressão poética. Porém, também acreditamos que o número ideal de sílabas deve estar próximo a 17, sendo permitidas variações para cima ou para baixo.

O CONTEÚDO
DO
HAICAI

Como ficou expresso na introdução, definiremos o haicai conforme o ponto de vista do Grêmio Haicai Ipê, que estuda o haicai enquanto forma poética adaptada à lingua portuguesa, embora conservando características da sua tradição de origem.


POESIA DA NATUREZA

O haicai sempre nasce de uma cena ou objeto natural. Mesmo nos instantes em que cita assuntos humanos, isto se dá através de uma grande reviravolta filosófica, em que o homem não é mais considerado o centro do universo, ou uma entidade separada da natureza, como é habitualmente colocado pela cultura ocidental.

Em verdade, o homem é parte integrante da natureza, submisso a ela, e assim passível de se transformar em assunto de haicai. É assim que pensa o haicaísta (poeta de haicai).

Tradicionalmente, a menção à natureza é feita através de um termo- de- estação, mais conhecido pela palavra japonesa kigo. Pode-se questionar a validade das quatro estações no Brasil, mas é inegável a existência de um ciclo anual, ao qual os vegetais e os animais se moldam, e dentro do qual o homem organiza suas atividades, mesmo que este ciclo não possa ser caracterizado como uma sucessão de quatro estações à maneira européia. Entendido de uma maneira ampla, o kigo é a palavra ou expressão associada a uma entidade natural, capaz de disparar associações afetivas a partir de uma cena concreta, de maneira muito econômica.

Por outro lado, a idéia de estação está profundamente plantada entre os brasileiros de todas as latitudes, como herdeiros da cultura ocidental, basicamente européia e de clima temperado. Como parte desta herança, reconhecemos o caráter simbólico tradicionalmente atribuído a cada estação:

  • Primavera: alegria, renovação, amor, flores, juventude;
  • Verão: vivacidade, liberdade, calor, maturidade;
  • Outono: melancolia, decadência, nostalgia, colheita, senectude;
  • Inverno: tranqüilidade, reclusão, morte, repouso, frio.

Pequena borboleta
Enfeitando meus cabelos
Por um momento.

Clície Pontes

O chofer de táxi
Meu pai, também, nos dias quentes,
Assobiava assim.

Paulo Franchetti

Das noites juninas
de outrora, anciãs agora,
estão as meninas.

Cyro Armando Catta Preta

A pedra atirada ...
Fundo lago de outono
desmorona o céu.

Francisco Handa

borboleta

kigo de primavera

dia quente

kigo de verão

noite junina, festa junina

kigo de inverno

lago de outono

kigo de outono



POESIA DO PRESENTE

O haicai sempre exprime um momento vivenciado no presente. Sendo baseado na natureza, obrigatoriamente fala de coisas concretas, com existência física. E ao falar do presente através de coisas concretas, necessariamente alude à temporalidade, ao provisório e ao efêmero, marcas do mundo terreno. Em outras palavras, o haicai é um veículo para a expressão da transitoriedade, e esta é evidenciada através do uso dos termos-de-estação ou kigos. Signos de um mundo em constante mutação, os kigos se sucedem ao longo do ciclo anual, representando a própria imagem da transitoriedade.

Ao exprimir um momento do presente, baseado na realidade física, o haicai se aproxima da fotografia. Sempre que olhamos para uma foto, aquela impressão visual se reaviva e se torna presente para nós. O haicai faz o mesmo, através da descrição objetiva de uma sensação física, que além de visual, pode ser também auditiva, tátil , olfativa ou de paladar. Esta sensação pode disparar uma lembrança ou um sentimento, o que pode ser expresso no poema. O contrário não é permitido. A sensação psicológica sempre nasce depois da sensação física.

Dizemos que o haicai pode ser comparado a uma fotografia, que é completamente diferente de um filme. O minúsculo tamanho do haicai não comporta cenários dramáticos, amplos movimentos ou planos em seqüência. Também não se trata de suprimir todos os elementos sintáticos como num telegrama, visando comprimir o máximo de palavras dentro de 17 sílabas. A descrição simples e sem artifícios estilísticos de uma sensação, deixando grande espaço para a sugestão, é a regra a ser seguida.

"Haikai não é síntese, no sentido de dizer o máximo com o mínimo de palavras. É antes a arte de, com o mínimo, obter o suficiente". - Paulo Franchetti

Certo

Errado

Relâmpago azul:
Crescem os olhos da criança
No colo da mãe.

Zuleika dos Reis

Relâmpago. Chuva.
De repente, o rio transborda.
Choro. Desespero.

Clara luz da lua
dança nas poças d'água
com o vento suave.

José Neres Reis

Ainda me lembro:
A lua cheia brilhava
sobre o nosso amor.

Vento de verão.
Do capinzal crestado
pula o gafanhoto.

Luiz Bacellar

Nuvens de gafanhotos
Semeiam a destruição
Por onde passam.

NÃO AO EGO

Negar o ego não significa proibir a palavra "eu". Haicais na primeira pessoa são perfeitamente viáveis. Mas a objetividade do haicai deixa pouco espaço para a expressão do universo interior do autor.

O subjetivismo e sua derivação, o sentimentalismo, são praticamente condenados, junto com qualquer traço de intelectualismo. Os sentimentos humanos, quer sejam os do autor ou não, são expressos com parcimônia, sempre submetidos à sensação física que os gerou, e aparecem puros, livres de elaboração racional e conceituação intelectual.

O haicai não se presta para expressar um raciocínio, do tipo A+B=C. É mais freqüente que contraste dois elementos sem conexão lógica, cabendo ao leitor reconciliá-los em um novo plano de significado (o que não quer dizer que o haicai seja uma charada ou adivinha). Tão pouco o haicai serve para expressar juízos ou sentenças. A natureza não trabalha assim, estando acima do bem e do mal, categorias inventadas pelo homem. Por conseqüência, aforismos e lições de moral estão fora da esfera do haicai.

Certo

Errado

Nariz na vidraça.
Guri de rua acompanha a
Ceia de natal.

Hazel de S. Francisco

Que mundo injusto!
No natal, meninos de rua,
Olhando vitrines.

Depois da geada,
nas faces do espantalho,
lágrimas geladas.

Roberto Saito

A geada, ao cair
nos olhos do espantalho
formou lágrimas geladas.

A flor do ipê-roxo
cai deixando saudades:
Ah, a moça da tarde.

Anibal Beça

A bela da tarde
por mim passou. Feito flor,
deixou seu perfume.

Site/Fonte:

http://www.kakinet.com/caqui/nyumon.htm

Natsu

Verão

ôta ko ni kami naburaruru atsusa kana

A criança às costas
Brincando com meu cabelo —
Que calor!

Sono-jo


hashii shite saishi o sakuru atsusa kana

Saio na varanda
Para fugir da mulher e filhos.
Que calor!

Buson


otoko bakari no naka ni onna no atsusa kana

Apenas homens,
E uma mulher entre eles.
Que calor!

Shiki

Aki

Outono




mono okeba soko ni umarenu aki no kage

Em qualquer lugar
Onde se deixem as coisas,
As sombras do outono.

Kyoshi


kesa aki ya miiru kagami ni oya no kao

Ao mirar o espelho,
Na primeira manhã de outono,
O rosto do pai.

Kijô


kono aki wa nan de toshiyoru kumo ni tori

Neste outono,
Como estou ficando velho!
Pássaros nas nuvens.

Bashô

Fuyu

Inverno




hatsu-fuyu ya futatsu-go ni hashi torasekeru

Início de inverno —
Minha filha de dois anos
Ensino a usar "hashi"

Gyôdai


toshi kurenu kasa kite waraji hakinagara

O ano chega ao fim —
Capa de chuva nas costas
E sandálias nos pés.

Bashô


sore-zore no hoshi arawaruru samusa kana

Estrelas, surgindo
Aqui e acolá —
Ah, o frio!

Taigi


hito-goe no yahan o suguru samusa kana

No meio da noite,
A voz das pessoas que passam —
Que frio!

Yaha

Haru

Primavera





yomibito o shirazaru haru no shûka kana

É anônimo o autor
Deste esplêndido poema
Sobre a primavera.

Shiki


haru no hi ya niwa ni suzume no suna abite

Dia de primavera —
Os pardais no jardim
Tomam banho de areia.

Onitsura


nodokasa no hitori yuki hitori omoshiroki

A tranqüilidade
De andar sozinho,
Divertir-se sozinho.

Shiki


nodokasa ya kakima wo nozoku yama no sô

Tranqüilidade —
O monge da montanha
Espia através da cerca.

Issa


mada nagô naru hi ni haru no kagiri kana

Outro longo dia,
E a primavera
Vai chegando ao fim!

Buson

Site/Fonte:

http://www.kakinet.com/caqui/antojapp.shtml

Haikai (俳句, Haiku ou Haicai) é um forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade.

Os poemas consistem em três linhas, contendo na primeira e na última cinco letras japonesas, e sete letras na segunda linha.

O principal haicaísta foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual.

Haikai no Brasil

O primeiro autor a popularizar o haikai no Brasil foi Guilherme de Almeida, que não só o dotou de estrutura métrica rígida, mas ainda de rimas e título. No esquema proposto por Almeida, o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo verso possui uma rima interna (a 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma do haikai de Guilherme de Almeida ainda tem muitos praticantes no Brasil.

Uma outra corrente do haikai brasileiro é a tradicionalista. Promovida inicialmente por imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko Oda, essa corrente define haikai como um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, escrito em três versos que somam dezessete sílabas poéticas (cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro). Além disso, o haikai tradicional deve conter sempre uma referência à estação do ano, expressa por uma palavra (o chamado kigo = palavra de estação).

Uma terceira forma de praticar o haikai no Brasil é a que não julga necessária a métrica nem o uso sistemático de uma referência à estação do ano em que o poema foi composto. Aqui, os principais nomes são Paulo Leminski , Millôr Fernandes e Alice Ruiz.

no despenhadeiro

a sombra da pedra

cai primeiro

Carlos Seabra

outro outono

no chão entre as folhas

sonhos do verão

Ricardo Silvestrin

primeira folha de outono

no chão começa

o meio do ano.

fim do dia

porta aberta

o sapo espia

Alice Ruiz

Ah, mosca de inverno

- questão de dia ou de hora

seu último instante?

Masuda Goga

Florada de ipês!

Meu pai também se alegrava

Em tarde como esta...

Teruko Oda

Dia de Finados

Formigas carregam

Pétalas que caem.

Jorge Lescano

início de outono --

no caminho vão sumindo

as vozes dos amigos.

vento de inverno:

o gato de olho vazado

procura seu dono

Edson Kenji Iura

Contribuição de bruno nóbrega:

Hino nacional do Japão




Kimi ga Yo (geralmente traduzido como "ReinoImperial") é o hino nacional do Japão, e também um dos hinos nacionais mais curtos do mundo ainda em uso. A letra é baseada num poema waka escrito no Período Heian (de autor desconhecido), enquanto que a melodiafoi composta na Era Meiji, também de autor desconhecido.

Apesar do Kimi ga Yo ser há muito tempo o hino de facto do Japão, somente foi legalmente reconhecido como tal em 1999, após passar por um conselho que decidiu pela adoção do hino.

Letra em japonês

君が代は (Kimi ga yo wa.)

千代に (Chiyo ni)

八千代に (Yachiyo ni)

さざれ石の (Sazare ishino,)

巌となりて (Iwao to narite,)

苔の生すまで (Kokeno mussu made.)

Tradução em português

Possa o reinado do meu senhor,

Prosseguir durante uma geração,

Uma eternidade,

Até que seixos

Surjam das rochas,

Cobertas de musgo verde claro.

O termo kimi é uma antiga e inusada palavra que significa "nosso senhor" e refere-se ao Imperador do Japão, mas durante este mesmo período (e quando a letra foi escrita), kimi significava "meu amado" ou simplesmente "você", que é o atual significado. A idéia de que seixos pudessem crescer de rochas era popular no domínio Heian do Japão.