No dia 13 de fevereiro foi lançado dois livros do poeta paraibano Saulo Mendonça no Restaurante do Esporte Clube Cabo Branco. O lançamento de “O Outro Lado da Palavra – Elucidário” e “Luz de Musgo – haikai”, marcou os 33 anos da carreira literária que foram comemorados na sessão solene da Câmara dos Vereadores de João Pessoa.
Na ocasião foi outorgada a medalha ‘Cidade Verde’, propositura da ex-vereadora e atual superintendente adjunta do Instituto de Previdência Municipal (IPM) Paula Franssinete e a medalha ‘Ariano Suassuna’, proposto pelo vereador Geraldo Amorim ao poeta Saulo Mendonça. Os convidados foram recebidos pelo quinteto de metais “PB Brass” e por belas mestiças vestidas de kimono da acbjpb.
Estavam lá, inúmeros amigos, professores, familiares, conhecidos do poeta, além das autoridades da Câmara de Vereadores, assim como membros da associação que foram lá representar a comunidade nipo-brasileira de João Pessoa no evento.
Ao final da solenidade, houve uma apresentação do grupo Nossa Voz.
Haikai - O autor Saulo Mendonça, haikaista paraibano, completa 33 anos de carreira, lança um haicai inédito e convida a comunidade japonesa para a festa no dia 13 de fevereiro, no restaurante do Esporte Clube Cabo Branco, às 19:30h. Omedetô!
Falecimento - Faleceu no sábado, 10/01/2009, o associado e amigo Nelson Asari, em seu apartamento, no Bessa, na hora do almoço. Passou mal e não resistiu. A ACBJPB, consternada, acompanhou o funeral.
Pêsames - O Capitão dos Portos da Paraíba, nissei Paolo Coirolo noticiou o falecimento do seu genitor nesse dia 20 de Janeiro, na cidade de Niterói, e consternados, transmitimos-lhe nossas condolências e nossa solidariedade.
Retorno a Brasília-DF - A associada e amiga de todos, Célia Mayeda avisou que retornará para Brasília, onde vivem seus filhos. Desejamos sorte e felicidades.
O QUE É HAICAI
Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no início do século 20 e hoje conta com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é conhecido como haiku.
Segundo Harold G. Henderson, em Haiku in English, o haicai clássico japonês obedece a quatro regras:
Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas
Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)
Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.
No transplante do haicai para outros países, algumas das regras anteriores são seguidas com maior ou menor fidelidade, enquanto outras podem ser mesmo ignoradas, dependendo de cada poeta ou da escola seguida.
A FORMA DO HAICAI
De maneira geral, haicai é um poema conciso, formado de três versos, no total de 17 sílabas:
O primeiro verso tem 5 sílabas
O segundo verso tem 7 sílabas
O terceiro verso tem 5 sílabas
Não há necessidade de rima ou título.
QUANTO À MÉTRICA
Acreditamos que não se deve exigir rigor na contagem de sílabas, a ponto de sacrificar a expressão poética. Porém, também acreditamos que o número ideal de sílabas deve estar próximo a 17, sendo permitidas variações para cima ou para baixo.
O CONTEÚDO DO HAICAI
Como ficou expresso na introdução, definiremos o haicai conforme o ponto de vista do Grêmio Haicai Ipê, que estuda o haicai enquanto forma poética adaptada à lingua portuguesa, embora conservando características da sua tradição de origem.
POESIA DA NATUREZA
O haicai sempre nasce de uma cena ou objeto natural. Mesmo nos instantes em que cita assuntos humanos, isto se dá através de uma grande reviravolta filosófica, em que o homem não é mais considerado o centro do universo, ou uma entidade separada da natureza, como é habitualmente colocado pela cultura ocidental.
Em verdade, o homem é parte integrante da natureza, submisso a ela, e assim passível de se transformar em assunto de haicai. É assim que pensa o haicaísta (poeta de haicai).
Tradicionalmente, a menção à natureza é feita através de um termo-de-estação, mais conhecido pela palavra japonesa kigo. Pode-se questionar a validade das quatro estações no Brasil, mas é inegável a existência de um ciclo anual, ao qual os vegetais e os animais se moldam, e dentro do qual o homem organiza suas atividades, mesmo que este ciclo não possa ser caracterizado como uma sucessão de quatro estações à maneira européia. Entendido de uma maneira ampla, o kigo é a palavra ou expressão associada a uma entidade natural, capaz de disparar associações afetivas a partir de uma cena concreta, de maneira muito econômica.
Por outro lado, a idéia de estação está profundamente plantada entre os brasileiros de todas as latitudes, como herdeiros da cultura ocidental, basicamente européia e de clima temperado. Como parte desta herança, reconhecemos o caráter simbólico tradicionalmente atribuído a cada estação:
Pequena borboleta Enfeitando meus cabelos Por um momento.
Clície Pontes
O chofer de táxi Meu pai, também, nos dias quentes, Assobiava assim.
Paulo Franchetti
Das noites juninas de outrora, anciãs agora, estão as meninas.
Cyro Armando Catta Preta
A pedra atirada ... Fundo lago de outono desmorona o céu.
Francisco Handa
borboleta
kigo de primavera
dia quente
kigo de verão
noite junina, festa junina
kigo de inverno
lago de outono
kigo de outono
POESIA DO PRESENTE
O haicai sempre exprime um momento vivenciado no presente. Sendo baseado na natureza, obrigatoriamente fala de coisas concretas, com existência física. E ao falar do presente através de coisas concretas, necessariamente alude à temporalidade, ao provisório e ao efêmero, marcas do mundo terreno. Em outras palavras, o haicai é um veículo para a expressão da transitoriedade, e esta é evidenciada através do uso dos termos-de-estação ou kigos. Signos de um mundo em constante mutação, os kigos se sucedem ao longo do ciclo anual, representando a própria imagem da transitoriedade.
Ao exprimir um momento do presente, baseado na realidade física, o haicai se aproxima da fotografia. Sempre que olhamos para uma foto, aquela impressão visual se reaviva e se torna presente para nós. O haicai faz o mesmo, através da descrição objetiva de uma sensação física, que além de visual, pode ser também auditiva, tátil , olfativa ou de paladar. Esta sensação pode disparar uma lembrança ou um sentimento, o que pode ser expresso no poema. O contrário não é permitido. A sensação psicológica sempre nasce depois da sensação física.
Dizemos que o haicai pode ser comparado a uma fotografia, que é completamente diferente de um filme. O minúsculo tamanho do haicai não comporta cenários dramáticos, amplos movimentos ou planos em seqüência. Também não se trata de suprimir todos os elementos sintáticos como num telegrama, visando comprimir o máximo de palavras dentro de 17 sílabas. A descrição simples e sem artifícios estilísticos de uma sensação, deixando grande espaço para a sugestão, é a regra a ser seguida.
"Haikai não é síntese, no sentido de dizer o máximo com o mínimo de palavras. É antes a arte de, com o mínimo, obter o suficiente". - Paulo Franchetti
Certo
Errado
Relâmpago azul: Crescem os olhos da criança No colo da mãe.
Zuleika dos Reis
Relâmpago. Chuva. De repente, o rio transborda. Choro. Desespero.
Clara luz da lua dança nas poças d'água com o vento suave.
José Neres Reis
Ainda me lembro: A lua cheia brilhava sobre o nosso amor.
Vento de verão. Do capinzal crestado pula o gafanhoto.
Luiz Bacellar
Nuvens de gafanhotos Semeiam a destruição Por onde passam.
NÃO AO EGO
Negar o ego não significa proibir a palavra "eu". Haicais na primeira pessoa são perfeitamente viáveis. Mas a objetividade do haicai deixa pouco espaço para a expressão do universo interior do autor.
O subjetivismo e sua derivação, o sentimentalismo, são praticamente condenados, junto com qualquer traço de intelectualismo. Os sentimentos humanos, quer sejam os do autor ou não, são expressos com parcimônia, sempre submetidos à sensação física que os gerou, e aparecem puros, livres de elaboração racional e conceituação intelectual.
O haicai não se presta para expressar um raciocínio, do tipo A+B=C. É mais freqüente que contraste dois elementos sem conexão lógica, cabendo ao leitor reconciliá-los em um novo plano de significado (o que não quer dizer que o haicai seja uma charada ou adivinha). Tão pouco o haicai serve para expressar juízos ou sentenças. A natureza não trabalha assim, estando acima do bem e do mal, categorias inventadas pelo homem. Por conseqüência, aforismos e lições de moral estão fora da esfera do haicai.
Certo
Errado
Nariz na vidraça. Guri de rua acompanha a Ceia de natal.
Hazel de S. Francisco
Que mundo injusto! No natal, meninos de rua, Olhando vitrines.
Depois da geada, nas faces do espantalho, lágrimas geladas.
Roberto Saito
A geada, ao cair nos olhos do espantalho formou lágrimas geladas.
A flor do ipê-roxo cai deixando saudades: Ah, a moça da tarde.
Anibal Beça
A bela da tarde por mim passou. Feito flor, deixou seu perfume.
Haikai (俳句, Haiku ou Haicai) é um forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade.
Os poemas consistem em três linhas, contendo na primeira e na última cinco letras japonesas, e sete letras na segunda linha.
O principal haicaísta foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual.
Haikai no Brasil
O primeiro autor a popularizar o haikai no Brasil foi Guilherme de Almeida, que não só o dotou de estrutura métrica rígida, mas ainda de rimas e título. No esquema proposto por Almeida, o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo verso possui uma rima interna (a 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma do haikai de Guilherme de Almeida ainda tem muitos praticantes no Brasil.
Uma outra corrente do haikai brasileiro é a tradicionalista. Promovida inicialmente por imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko Oda, essa corrente define haikai como um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, escrito em três versos que somam dezessete sílabas poéticas (cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro). Além disso, o haikai tradicional deve conter sempre uma referência à estação do ano, expressa por uma palavra (o chamado kigo = palavra de estação).
Uma terceira forma de praticar o haikai no Brasil é a que não julga necessária a métrica nem o uso sistemático de uma referência à estação do ano em que o poema foi composto. Aqui, os principais nomes são Paulo Leminski , Millôr Fernandes e Alice Ruiz.
Kimi ga Yo (geralmente traduzido como "ReinoImperial") é o hino nacional do Japão, e também um dos hinos nacionais mais curtos do mundo ainda em uso. A letra é baseada num poemawaka escrito no Período Heian (de autor desconhecido), enquanto que a melodiafoi composta na Era Meiji, também de autor desconhecido.
Apesar do Kimi ga Yo ser há muito tempo o hino de facto do Japão, somente foi legalmente reconhecido como tal em 1999, após passar por um conselho que decidiu pela adoção do hino.
O termo kimi é uma antiga e inusada palavra que significa "nosso senhor" e refere-se ao Imperador do Japão, mas durante este mesmo período (e quando a letra foi escrita), kimi significava "meu amado" ou simplesmente "você", que é o atual significado. A idéia de que seixos pudessem crescer de rochas era popular no domínio Heian do Japão.